Jorge Vilda, ex-técnico da seleção feminina da Espanha, prestou depoimento no julgamento envolvendo Luis Rubiales e trouxe sua versão dos acontecimentos. Campeão mundial em 2023, Vilda negou que o beijo de Rubiales em Jennifer Hermoso tenha sido forçado, contrariando a acusação contra o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
“Não vi o beijo no momento e, sinceramente, ninguém parecia dar grande importância ao assunto. Naquele instante, minha filha teve problemas abdominais e precisou ser levada de ambulância, então minha atenção estava voltada para isso.
No ônibus, Rubiales comentou que estavam questionando demais o consenso do beijo. Ele não me disse nada sobre Hermoso não querer participar da celebração. Cheguei a conversar com o irmão dela por conta própria, tentando apaziguar a situação. Talvez devesse ter falado diretamente com Jennifer, mas desde então, nunca mais tivemos contato”, afirmou Vilda.
Apesar de ter ficado ao lado de Rubiales no auge da polêmica, Vilda também elogiou Hermoso e demonstrou empatia pela jogadora, destacando sua trajetória e a forma como enfrentou a repercussão do caso.
“Eu percebi que ela não gostava nem um pouco de tudo que estava sendo dito na mídia. Na temporada anterior, algumas jogadoras pediram a minha saída, mas Jennifer foi a primeira a retornar à seleção nesse contexto. Sempre teve um espírito de união e de fortalecimento do grupo. Conhecendo sua carreira, acredito que pode jogar em alto nível até os 38 ou 40 anos”, disse o treinador.
A polêmica teve início na cerimônia de premiação da Copa do Mundo Feminina de 2023, quando a Espanha conquistou o título ao vencer a Inglaterra. Durante a entrega das medalhas, Rubiales protagonizou um momento controverso ao beijar Hermoso na boca, gesto que gerou indignação no mundo do futebol.
O episódio desencadeou uma crise dentro da federação, especialmente porque Vilda já enfrentava resistência das jogadoras antes mesmo do torneio. Ainda assim, o treinador permaneceu ao lado de Rubiales, que chegou a afirmar, em um discurso inflamado, que “não iria renunciar”. Dias depois, pressionado publicamente, o dirigente cedeu e deixou o cargo.
Além de Vilda, outros ex-integrantes da federação, como Albert Luque (ex-diretor da seleção masculina) e Rúben Rivera (ex-diretor de marketing), também prestaram depoimento.
A promotora Marta Durántez formalizou a acusação, e Rubiales pode enfrentar uma pena de até dois anos e meio de prisão por agressão sexual e coação.