A demissão de Emanuela Maccarani, técnica da seleção italiana de ginástica rítmica por quase três décadas, gerou reações distintas entre atletas e ativistas na última quinta-feira (27). A Federação Italiana de Ginástica oficializou a saída da treinadora na quarta-feira (26), após promotores da cidade de Monza solicitarem que ela vá a julgamento sob acusações de maus-tratos a ginastas.
As denúncias contra Maccarani surgiram em 2022, quando as ex-atletas Anna Basta e Nina Corradini relataram abusos psicológicos durante os treinos. Segundo depoimentos amplamente divulgados na mídia italiana, a técnica obrigava as ginastas – ainda menores de idade – a se pesarem na frente de toda a equipe e permitia que fossem insultadas caso fossem consideradas acima do peso.
Maccarani nega todas as acusações e lamentou a decisão, afirmando que sua maior preocupação é com a equipe de ginástica rítmica. “É devastador pensar no impacto que essa decisão terá sobre a equipe”, declarou. A treinadora também disse que não recebeu justificativa formal para sua demissão e que focará em sua defesa nos tribunais.
Para Daniela Simonetti, presidente da ChangeTheGame – organização que apoia vítimas de abusos no esporte –, a demissão representa um marco importante para a proteção de jovens atletas. “Isso abre uma nova página para a ginástica rítmica”, afirmou. Anna Basta, uma das denunciantes, celebrou a decisão e disse que espera que esse momento simbolize o fim de métodos de treinamento ultrapassados e prejudiciais.
No entanto, a saída de Maccarani também gerou críticas dentro da comunidade esportiva. A ginasta da seleção italiana Martina Centofanti defendeu a técnica e demonstrou preocupação com o impacto da decisão no desempenho da equipe. “Depois de três anos, nos encontramos em uma situação ainda mais desestabilizadora e prejudicial para nós, atletas, e para o planejamento da equipe”, disse.