Tarifas de Trump afetam indústria automotiva e impactam bastidores da Fórmula 1, NASCAR e IndyCar

Aline Feitosa
As novas tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a partir de 5 de abril, já causam impacto direto em setores ligados ao automobilismo. A primeira equipe da Fórmula 1 a sentir os efeitos foi a Haas, única representante norte-americana na categoria, que relatou uma “queda dramática na demanda” por seus produtos e anunciou cortes na produção e suspensão de contratações.

Em comunicado oficial divulgado na última quarta-feira (9), a Haas Automation, sediada na Califórnia, informou que reduziu o ritmo das operações industriais, cortou horas extras e iniciou uma reavaliação de suas estratégias diante das novas medidas tarifárias.

Apesar do impacto no setor empresarial da marca, a equipe de Fórmula 1 garantiu que as atividades esportivas seguem inalteradas.

— As tarifas têm um impacto significativo sobre os negócios da Haas Automation, mas permanecemos otimistas quanto a soluções do governo que aliviem os efeitos sobre a indústria americana. No entanto, reiteramos que a equipe de Fórmula 1 continua com seus planos de desenvolvimento e não será afetada diretamente, afirmou a equipe.

Além da Haas, outras marcas com envolvimento direto na Fórmula 1 também estão em alerta. A Cadillac, que integrará a categoria a partir de 2026 em parceria com a Andretti Global, terá três sedes nos EUA e uma no Reino Unido. Como a produção principal será em solo americano, a nova política tarifária poderá dificultar e encarecer a importação de componentes.

Situação semelhante vive a Ford, que se prepara para retornar à Fórmula 1 em 2026 como fornecedora de unidades de potência para a Red Bull Racing e a Racing Bulls. Embora a base de desenvolvimento esteja no Reino Unido, qualquer movimentação internacional de peças enfrentará os mesmos desafios logísticos e fiscais impostos pelas novas tarifas.

No caso da Haas, embora a sede técnica da equipe esteja na Carolina do Norte, a maior parte das operações da escuderia ocorre em Banbury, no Reino Unido. A preocupação central está no setor industrial da empresa: a produção de máquinas CNC (controle numérico computadorizado), um dos carros-chefes da Haas Automation. Com a possibilidade de retaliações comerciais por parte de outros países, o preço desses equipamentos pode disparar no mercado internacional.

A tensão causada pelas tarifas de Trump também pode se estender a outras grandes competições do automobilismo americano, como a NASCAR e a IndyCar.

A NASCAR, por exemplo, introduziu em 2022 o carro da geração Next-Gen, com peças padronizadas vindas de fornecedores únicos. Muitos deles, apesar de terem filiais nos EUA, pertencem a grupos internacionais que podem ser afetados pelas novas barreiras comerciais.

Já a IndyCar importa grande parte de seus componentes de países estrangeiros. Entre os exemplos estão:

  • Chassi DW12 da Dallara (Itália)
  • Rodas da OZ (Itália) e BBS (Alemanha)
  • Unidade híbrida da Empel (Holanda)
  • Halo de titânio da Pankl (Áustria)
  • Amortecedores do Canadá
  • Escapamentos do Reino Unido
  • Cintos de segurança de fornecedores internacionais

Com o aumento no custo de importação, tanto NASCAR quanto IndyCar podem enfrentar atrasos logísticos, aumento de despesas operacionais e dificuldades no fornecimento de peças essenciais para manter suas atividades competitivas.

As consequências das medidas econômicas do governo Trump, portanto, ultrapassam as fronteiras da política comercial e já repercutem diretamente no coração da indústria automobilística de alto desempenho dos EUA.

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